Participam da capacitação profissionais que prestam atendimento ao público com deficiência auditiva
A servidora pública Cláudia Maria Carneiro tem dificuldade para se comunicar com as pessoas com deficiência auditiva que procuram a instituição onde ela trabalha. Cláudia é ouvidora no Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural de Roraima (IATER), e por isso, mantém contato direto e diário com esse público. “Me interessei pelo tema inclusão social no curso de pós-graduação em Ouvidoria Pública que faço. Durante as aulas conheci a Libras e me deu mais curiosidade de aprender a Língua Brasileira de Sinais” conta.
A ouvidora é uma das 30 pessoas matriculadas no Curso de Libras Para Atendimento Ao Público, ofertado gratuitamente pela Universidade Estadual de Roraima (UERR), cujas aulas tiveram início nesta segunda-feira (03). A capacitação é fruto de um projeto de Extensão coordenado pelo Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI). Cláudia destaca que procurava por uma capacitação em Libras desde abril. “Considero importante que todo ouvidor tenha a sensibilidade de se colocar no lugar do cidadão com deficiência auditiva, para que ele possa se sentir prestigiado”, salienta.
De acordo com o professor da turma, o intérprete de Libras João Santos, a proposta é oferecer noções básicas para os profissionais que trabalham diretamente com o atendimento ao público. “O curso busca trabalhar tanto a prática quanto a teoria, de forma simultânea. Os alunos aprendem sinais básicos, considerando as áreas de atuação desses profissionais, seja na área da saúde, jurídica, educação, de como eles podem prestar atendimento de acordo com o local onde eles trabalham”, explica.
Foram ofertadas 30 inicialmente para os servidores públicos, mas por conta da demanda, também foram incluídos os alunos da UERR. João ressalta que a iniciativa fará a diferença na inclusão das pessoas surdas em Roraima, visto que a oferta desse curso ainda é pequena. “A pessoa vai sair daqui sabendo o básico. Libras é uma língua como o inglês e o espanhol, então precisa de muita prática, muito estudo. Mas daqui, o aluno já vai sair se comunicando, conseguindo fazer um atendimento sabendo responder a perguntas básicas e essenciais do dia a dia de trabalho”, frisa.
Conforme Jussara Barbosa, chefe do NAI, o projeto de extensão pretende tornar visível a Libras em nossa sociedade. “A comunicação é a base de todas as relações, contudo não se deve oferecer ao surdo somente a Língua Portuguesa, precisamos conhecer e usar a Libras para que de fato aconteça a inclusão que tanto almejamos. É necessário que as instituições deem os primeiros passos na promoção de acessibilidade linguística. Desse modo, haverá visibilidade para a comunidade surda do estado”, ressalta. As aulas ocorrem às segundas e sextas, das 14 horas às 18 horas.