29.04.13
Lideranças e moradores das terras indígenas São Marcos e Raposa-Serra do Sol estiveram reunidos neste domingo (28) na sede da antiga fazenda imperial São Marcos, a cerca de 35 km de Boa Vista, para discutir a criação de uma cooperativa agrícola. A proposta teve como base os bons resultados apresentados por uma iniciativa em andamento na comunidade do Contão, município de Pacaraima.
A reunião foi acompanhada por uma equipe da Universidade Estadual de Roraima, formada por professores, médicos, odontólogos, enfermeiros e acadêmicos do curso de Enfermagem. Ficou acertado que advogados e contadores da instituição vão prestar assessoria aos indígenas durante o processo de criação da cooperativa. “A nossa intenção é servir de catalisadores dos anseios das comunidades. Não vamos comandar nada, apenas prestar o apoio necessário a toda ação que ajude no desenvolvimento socioeconômico dos moradores das terras indígenas”, disse o reitor Hamilton Gondim sobre o papel da UERR neste processo.
Atualmente a Universidade Estadual mantém 169 alunos nos cursos de graduação de três comunidades indígenas: Contão, em Pacaraima, ofertando Pedagogia e Ciências da Natureza e Matemática; Truaru, em Boa Vista, com Pedagogia; e Vista Alegre, a 10 km da fazenda São Marcos, com a licenciatura em Ciências da Natureza e Matemática.
A reunião na fazenda São Marcos foi uma iniciativa da Cooperativa Indígena de Produção do Norte e Nordeste de Roraima – Arenta’, fundada há quatro anos no Contão. Presidida há 15 meses pelo macuxi Orlando da Silva Oliveira, possui atualmente 42 associados e resultados financeiros que mostram como o trabalho em regime de cooperativa pode ajudar no desenvolvimento social e econômico das comunidades indígenas.
Somente em 2013 os produtores das comunidades Contão, Napoleão e Catispera (estas duas de Normandia) colheram 168 toneladas de milho, 100 de melancia, 20 de feijão e plantaram 30 hectares de macaxeira para produção de farinha. A produção foi comercializada principalmente em Pacaraima, Normandia e Uiramutã, rendendo, segundo o presidente Orlando, por volta de um milhão de reais.
“Estamos aqui para cumprir o nosso papel de parente, que é contribuir. É a união que dá certo para sair da pobreza. Como cooperativa hoje não dependemos de ninguém e bancamos tudo com os nossos recursos”, afirmou o produtor ao explicar os benefícios do cooperativismo.
Zildo Raposo, coordenador regional dos tuxauas do Baixo São Marcos, elogiou a iniciativa da comunidade do Contão, que espontaneamente se mobilizou para oferecer apoio técnico e logístico na criação de uma cooperativa. “Estamos precisando deste tipo de parceria, que favoreça o trabalho dos agricultores. Hoje, por exemplo, estamos com dificuldades para produzir o nosso principal alimento, a farinha”.
O tuxaua da comunidade Darora, o macuxi Jesus Mota destacou o papel negativo dos atravessadores para o produtor agrícola: “eles prejudicam a gente. Já teve uns querendo pagar R$ 2,50 por uma melancia de 10, 15 quilos. E nós aceitamos porque não temos como escoar o produto”.
ENFERMAGEM – A equipe de saúde enviada pela UERR para acompanhar a reunião das lideranças indígenas atendeu aos integrantes das 17 famílias que moram ao redor da sede da fazenda São Marcos. Houve distribuição de kits de higiene bucal, encaminhamento para especialistas médicos e entrega de remédios.
Os alunos do curso de Enfermagem fizeram visitas domiciliares e preencheram fichas com dados que os ajudarão a fazer um levantamento epidemiológico da comunidade. “Com estas informações faremos um plano de atendimento que será a base para futuras expedições na área de saúde”, explicou o professor Ricardo Ramos, coordenador do curso.
Veja mais fotos da expedição na fan page da UERR no facebook.
estou tentando realizar pesquisa a rspeito da cooperativas em boa vista, gostaria de saber a possibilidade de conversar com alguém da uerr envolvolvido neste programa,seria possivel? agradeço bastante.
Não temos, no momento, pesquisa sobre o referido tema