O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) aprovou financiamento para um projeto do professor doutor Filipe Augusto Gonçalves de Melo, do curso de biologia da Universidade Estadual de Roraima, que investiga a diversidade das espécies de peixes indicadoras de qualidade de água dos igarapés de Boa Vista. A pesquisa quer contribuir para o conhecimento, conservação e uso racional da fauna de peixes do Estado, explica Melo, que tem a parceria dos professores doutores Núbia Abrantes Gomes, da Universidade Federal de Roraima, e Paulo A. Buckup, do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro. O trabalho nasceu após constatar que os igarapés de Boa Vista vêm sofrendo diversas agressões. Com o crescimento da cidade, muitos estão sendo canalizados, recebem esgotos domésticos clandestinos, têm a vegetação ciliar desmatada e as áreas aterradas, explica o professor. “Muito da biodiversidade pode estar sendo perdida. No caso dos peixes de água doce, como não existem levantamentos preliminares da região da cidade de Boa Vista, é difícil avaliar o impacto das alterações resultantes da ação do homem sobre a composição da ictiofauna dos igarapés urbanos”, afirma Melo. De acordo com o projeto, serão listadas as espécies coletadas nos igarapés, determinando quais são endêmicas, ameaçadas de extinção e/ou promissoras como bioindicadoras da qualidade da água. Também será elaborado um manual de identificação das espécies de peixes de água doce, com fotos, características e qualificação quanto ao seu status de conservação (ameaçadas de extinção ou não). Segundo o professor, o manual vai aumentar o conhecimento da biodiversidade da área definida e determinará corretamente quais são as espécies existentes na parte urbana. “A relevância de um manual próprio provém da escassez de estudos taxonômicos nesta região, já que aqueles feitos para outras bacias não necessariamente se aplicam às existentes no Estado”, conclui Filipe Melo.