Publicada em revista internacional, pesquisa realizada com mais de 1300 voluntários é pioneira em Roraima
O alto consumo de alimentos ultraprocessados (UPF’s) pode prejudicar a saúde dos idosos. É o que revela o artigo “Association between hypercholesterolemia and isolated and simultaneous consumption of ultra-processed foods in older adults”, do professor pesquisador da Universidade Estadual de Roraima (UERR), Dr. André Pinto, do curso de Educação Física.
O estudo foi publicado no Journal of Public Health Research, importante revista científica internacional. O material é pioneiro em Roraima e traz informações sobre o impacto desse tipo de alimentação na saúde das pessoas com 60 anos ou mais. Ao todo, foram analisados dados de 1.322 idosos de Roraima, fornecidos pela Secretária Estadual de Saúde de Roraima (SESAU-RR).
O docente da UERR conta que analisou a relação entre hipercolesterolemia (colesterol alto) e o consumo de alimentos ultraprocessados. “Os resultados são preocupantes: mais da metade dos idosos (54,4%) tinha colesterol elevado. Essa informação é alarmante, pois o colesterol alto está fortemente associado ao aumento do risco de hipertensão, infarto, insuficiência cardíaca e até de morte”, ressalta o pesquisador.
Outra conclusão que chama atenção é o fato de que 70% dos idosos revelaram consumir pelo menos um tipo de alimento ultraprocessado no dia anterior, enquanto 15,2% admitiram ter ingerido todos os tipos de alimentos ultraprocessados listados, como embutidos, doces, refrigerantes e salgados industrializados. “Isso nos surpreendeu por várias razões, mas, principalmente pela hipótese de a dieta dos idosos de Roraima ser baseada em ultraprocessados, o que aumenta significativamente os riscos à saúde”, frisa.
André acrescenta que o alto consumo desses alimentos pode estar ligado à falta de acesso a opções mais saudáveis. “A insegurança alimentar frequentemente leva os idosos a escolherem alimentos mais baratos e acessíveis, que são geralmente ultraprocessados, afetando negativamente sua saúde, especialmente no controle do colesterol”, explica.
Ainda segundo ele, idosos que consumiam dois tipos de alimentos ultraprocessados apresentaram 75% mais chances de ter colesterol alto, enquanto aqueles que consumiam três ou mais tipos desses alimentos tinham mais de duas vezes a probabilidade de sofrer da condição. “O dado mais alarmante, no entanto, é que o consumo de todos os tipos de UPF’s simultaneamente aumentava em até seis vezes o risco de hipercolesterolemia”, aponta.
Frente a esses resultados, o estudo reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à educação nutricional e à conscientização da população idosa sobre os riscos do consumo de alimentos ultraprocessados. “Priorizar a educação alimentar e promover o acesso a opções mais saudáveis é fundamental para reduzir o consumo de ultraprocessados e, consequentemente, minimizar os riscos de hipercolesterolemia e outras doenças crônicas”, conclui o pesquisador. A publicação pode ser acessada no link https://doi.org/10.1177/22799036241277726.