04.11.08
Alessandra de Souza Santos, professora do curso de Letras da UERR (Universidade Estadual de Roraima), participa nesta quinta-feira (6) do IV Encontro Nacional do Gelco (Grupo de Estudos de Linguagem do Centro-Oeste), realizado em Cuiabá (MT). A pesquisadora apresentará um trabalho sobre contribuições da língua portuguesa para a construção lexical das línguas wapichana e makusi.
O léxico é o “dicionário mental” que cada falante possui de sua língua. Neste trabalho, a professora discute alguns empréstimos lingüísticos originários da língua portuguesa presentes nas línguas Makusi e Wapichana, ou seja, palavras do português que passaram a fazer parte do falar indígena.
O estudo foi baseado na análise da 1ª edição do Dicionário Wapichana-Português, de Casimiro Manoel Cadete, e de dois dicionários de língua Makuxi: Língua Makuxi Makusi Maimu – guias para aprendizagem e dicionário da língua makuxi (Amodio e Pira, 1999) e o Dicionário da Língua Makusi (Raposo, no prelo).
O Grupo de Estudos de linguagem do Centro-Oeste, criado em 2000, é formado por pesquisadores e professores que atuam nas áreas de Lingüística, Línguas e Literaturas. A participação de Alessandra Santos no encontro é possível por ser aluna doutoranda da UnB (Universidade de Brasília).
“Pela minha condição de aluna, pude me filiar a este grupo e lá apresentar e discutir uma situação que, se por um lado é exclusiva de Roraima, por conta das línguas tratadas, por outro repete-se em outros pontos do Brasil. Sendo assim terei a oportunidade de ouvir outras experiências e pesquisadores e divulgar a realidade peculiar do Estado de Roraima”, diz a professora, mestre em Lingüística pela UFRJ e agora doutoranda em Lingüística pela UnB.
Conforme Alessandra, poucos são os estudos realizados sobre as contribuições da língua portuguesa para línguas indígenas. Estudos como o que realizou podem contribuir para esclarecimentos sobre a história de contato destes povos, para a descrição gramatical de tais línguas e, principalmente, para a construção de dicionários de línguas indígenas que sigam os padrões lexicográficos.
O tema central das pesquisas da professora é a diversidade lingüística existente em Roraima, principalmente no que se relaciona ao ensino de Língua Portuguesa como língua oficial do Brasil.
“Quem conhece Roraima percebe a quantidade de línguas que convivem neste Estado, tanto as línguas indígenas – Makusi,Wapichana, Taurepang, Yanomami – quanto as línguas estrangeiras – o espanhol e o inglês. E isto sem considerar o que a lingüística chama de dialetos (diferentes falares de uma mesma língua). Como estou tratando de contato, outra vertente de meus estudos configura-se no quanto e de que forma uma língua contribuí, ou contribuiu, no sistema lingüístico da outra. Neste ousado projeto tenho a orientação preciosa da professora doutora Enilde Faulstich”, explica Alessandra.